O secretário de Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite, disse que a Operação Verão, que contabiliza 28 mortes até esta terça-feira (20) na Baixada Santista, no litoral de São Paulo, ainda não tem prazo para acabar. A declaração foi dada durante uma visita à Sorocaba (SP) nesta terça-feira (20).
As mortes durante a operação ocorreram em confrontos com policiais. O número é o mesmo registrado na Operação Escudo, realizada na região em 2023. Levantamento nesta terça-feira, aponta que a nova ação chegou a esse número com 23 dias de “antecedência”.
“A operação não tem prazo determinado ainda para acabar. O retorno [do gabinete de segurança] para a capital é porque os problemas na área de segurança pública acontecem em todo o estado”, declarou secretário.
“O maior momento de crise, eu desci o gabinete [para a baixada santista], permaneci por lá vários dias […] Organizamos a operação, implementamos uma estratégia, o uso da inteligência policial”, justificou a mudança do gabinete.
A Operação Verão foi estabelecida na Baixada Santista desde dezembro de 2023. No entanto, as 2ª e 3ª fases, que, respectivamente, contaram com reforço policial e instalação do gabinete de Segurança Pública em Santos, foram decretadas logo após os assassinatos do soldado PM Samuel Wesley Cosmo, no dia 2 de fevereiro, e do cabo José Silveira dos Santos, no dia 7 de fevereiro.
A pasta ficou sediada na Baixada Santista durante 13 dias. As mortes dos suspeitos em confrontos com a polícia passaram a ser contabilizadas desde o dia 7 deste mês.
Ainda de acordo com a SSP-SP, mais de 680 pessoas foram presas, sendo 254 delas procuradas pela Justiça por algum tipo de crime. A pasta afirmou também que, além disso, quase meia tonelada de drogas foi apreendida, e 79 armas ilegais foram retiradas das ruas.
A Defensoria Pública de São Paulo, em conjunto com a Conectas Direitos Humanos e o Instituto Vladimir Herzog, pediu na última sexta-feira (16) à Organização das Nações Unidas (ONU) o fim da operação policial na região e a obrigatoriedade do uso de câmeras corporais pelos policiais militares.
Uma das mais letais
O ouvidor das polícias do estado, Claudio Aparecido da Silva, a ação dos policiais na Operação Verão tem sido conduzida com “desrespeito à vida humana”.
De acordo com o ouvidor, as denúncias de familiares dos mortos, de testemunhas e moradores das comunidades onde acontecem a operação evidenciam “violações de direitos humanos”. Ele citou, inclusive, a história do catador de recicláveis que teria implorado para não ser morto.
Aparecido da Silva ressaltou estar muito preocupado com os números de mortes, e que sente os policiais com muita liberdade para fazerem o que querem nas comunidades.
“A gente não vai aceitar que a polícia de segurança pública do maior estado do país seja a política de segurança pública da morte, da vingança e do desrespeito à vida humana”, apontou.
O ouvidor disse ainda que tem dialogado com organizações nacionais e internacionais de direitos humanos para que atuem com o objetivo de cessar ou repensar a operação, pois, de acordo com ele, no momento o estado não demonstra “compromisso com a vida”.
Derrite alegou que essas declarações não passam de “falsas narrativas”. “Eu tenho que me basear em laudos periciais dos médicos legistas, e nenhum laudo do IML aponta qualquer sinal de violência, muito menos de tortura por parte dos policias. Então, eu vejo falsas narrativas. Os órgãos correcionais das policias não receberam nenhuma denúncia nesse sentido, então a gente confia nos nossos policiais”, disse.
“Nós confiamos nos policiais da Polícia Militar, da Polícia Civil do estado de São Paulo. E a população confia em nós, então a gente vai continuar combatendo o crime organizado independente dessas falsas narrativas que não encontram embasamento com a realidade”, completou.
– Fonte: g1.globo.com
– Foto: Reprodução/TV TEM
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